Estávamos lá,
Só observando,
Como aquelas gigantes esferas,
Rodavam em espiral,,
Eram como galáxias em uma batedeira,
Como um bolo de mundos,
Como torrões de açúcar coloridos,
Alguns de nós sobre o balcão
Perguntavam quem serão os convidados
Quando a festa chegar.
Outros deliravam com a imensidão
Tão grande era aquela massa
O que aconteceria depois?
Decompúnhamos soís e estrelas,
Torrões de açúcar,
Em fichas, escalas e cafezinhos,
Por mera defesa alguém
Ligou o rádio em uma canção
Desconhecida
Os mais fanáticos
Ouviam códigos
Os crentes hinos
Os céticos prendiam-se a cálculos
A massa batia, rodava, mudava
Até que momento?
Em delírio cada um fazia a composição
E a decomposição de sua vida
Estávamos lá,
Torrões de açúcar,
Soís,
Esferas,
Loucos,
Crentes,
Céticos,
Eu sonhador,
Ousava tentar descrever
No movimento que se fazia,
Decompunha a carniça
De um poema.
Pedro A.R. Furtado, 04/05/10.
Pó
Confesso tenho virado pó
Caio diariamente
No poço do lugar onde moro
Só esperava me alucinar
Porem tenho idéias de pó
Sentidos de pó
Vontades de pó
Ao vento queria me largar
Pelas ruas se espalhar
Mas no poço úmido
Sinto-me o nojo d’água
Quem rouba sua
Virtude cristalina
Sou apenas pó vago por
Todos os horizontes
Mas obra nenhuma concretizo,
Sou pó que foge ao concreto
A purpurina que escapa aos carnavais
A sujeira que não ousa ocupar móvel algum
A erva intragável
Mas por fim a terra inocente
Que foge a avalanche.
Pedro A.R. Furtado, 18/02/10.
Sussurro
Pode até mesmo ser grande
A brisa que move um pontinho
Na imensidão
Mas o pontinho a nós enorme
Pouco é por mais mel
Que nas colméias pareça haver
A grande colméia não está ancorada
E ancora não pode se
Mas se consola isso é belo!
Dos porta copos dos consoles
Aos sois do universo, nada está
Ancorado perante a força do tempo
Nada se não o bastão que se prende
A sua obrigação cruel,
E fica a sussurrar,
Pois tudo é sussurro,
É só ele sabe!
Pedro A. R. Furtado, 01/03/10.
Um comentário:
A purpurina que escapa aos carnavais
A sujeira que não ousa ocupar móvel algum
A erva intragável
(...) a terra inocente
Que foge a avalanche.
belo último estrofe! quem sabe retirar o "mas por fim"... não sei, mas sem ele soa melhor... pois já chegamos ao "fim" do poema com a ideia de que o pó são muitas coisas... parece que sem o "mas por fim", o poema, ou o pó, são levados com melhor ritmo...
abraço
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