Olhe ao menos um instante
Com os olhos cegos
Ao horizonte
Perceba
Caminhe
O espiral corre ao centro
Em doces curvas
Que toma do espaço
Imagine
O percurso
Por ele sem tocar deslize
Tome pelos olhos as cores
Como bagagem
Leve ao vazio
Apenas brisa
Que ela seja lembradamente
E sutilmente
Doce
Para compor
Tal bagagem
Prenda por aqui os desgostos
Assim leve só versos
Encha os pulmões de poemas
Lembre-se
Desta vida dividida
Leve as margens
Aquilo que versa a vida
Os versos de sonhos meus
Os versos de sonhos seus
O que há de puro
E belo
Não leve os atos
Os fatos
Deixe os jornais
Esqueça os livros
Leve o que há de mais humilde
Versos de amor
Amores que em versos
Nascem e
Em versos morrem
São versos de margem
Paixão
A vida estão
Apenas como arte
Inútil
Necessário
Encha os pulmões
Lembre
Do horizonte
Imagine
O verso
Como ar.